Para Pais

As 4 características dos pais que conseguem resolver o problema de drogas do filho

Raphael Mestres
Escrito por Raphael Mestres

Os pais podem resolver o problema de drogas do filho. Mas não todos os pais

1º momento: É impossível!

2º momento: Não, não pode ser impossível. Não vamos desistir.

3º momento: Nossa! Nunca tínhamos tentado esse caminho… faz sentido.

4º momento: É possível sim. E nós vamos trabalhar incansavelmente por isso.

Essas quatro frases resumem a trajetória de pais que resolvem os problemas com drogas de um filho.

Começam não vendo saída.

Depois, mesmo sem ver saída, persistem em procurar uma.

Durante essa procura eles aprendem. Encontram novas possibilidades.

Com essas novas possibilidades em mãos, descobrem o que é preciso ser feito e se dedicam a isso.

E, por terem encontrado o caminho, conseguem mudar a si mesmos no processo.

Mas não são todos os pais que chegam até a etapa final. Na verdade, acredito que seja uma minoria.

Por muitos motivos. O mais triste deles é quando não encontram o caminho a tempo.

Mas também tem o motivo oposto.

Alguns, por mais estranho que pareça, se deparam com esse caminho cedo demais e, por isso, não conseguem reconhecer que ali tem uma saída.

Acredito realmente que os pais tenham a capacidade de resolver os problemas com drogas do filho

Claro que sempre vai depender do filho também, mas os pais conseguem uma influência de uns 80% no processo.

Para isso, precisam se capacitar bastante para chegarem ao ponto de exercer toda essa influência.

Mas esse caminho não é para todos.

Esta semana, atendi um casal muito angustiado pelo uso de drogas do filho e pela gravidade que a situação toda estava ganhando.

Pais sem nenhum conhecimento sobre dependência química e tratamento. Pais perdidos em meio ao turbilhão da dependência química.

Foi um casal que não seguiu com os atendimentos depois desse primeiro contato.

Acredito que minhas ideias sobre o caminho do tratamento ficaram muito distantes do que imaginavam. Parecia muito difícil. Eles queriam uma solução rápida.

“Venham por aqui. O caminho é árduo e longo, mas é o que vai levar vocês para onde querem chegar. Vocês estão querendo atalhos, mas não existem atalhos. E acreditar neles vai custar caro para vocês.”

Infelizmente, não tinham ouvidos para isso ainda.

Depois fiquei meditando sobre o porquê alguns pais conseguem achar o caminho e outros não.

E cheguei a quatro coisas.

Quatro pré-condições para que os pais consigam entrar no caminho pavimentado que vai levar à recuperação do filho.

Gostaria de poder “instalar” essas coisas na mente dos pais.

Mas não posso.

Posso apenas contar quais são, para que cada um que queira, instale em si.

Pré-condição #1 – Acreditar que a família é responsável por 80% dos resultados de um tratamento

“Como assim? Meu filho que escolheu usar drogas. Ele que precisa escolher parar de usar. Ele que está com o problema, não a gente!”

Sim, exatamente. A questão é que os pais possuem muito mais influência sobre essa escolha dele do que percebem.

Digamos que 80% de influência, como você já deve ter visto neste texto da regra 80/20.

Quando os pais estão procurando ajuda porque o filho está usando drogas, isso indica que a crise está com eles e não com o filho.

O filho fica com a parte boa de usar e os pais pagam o preço.

Se não fosse assim, o próprio filho estaria procurando ajuda. Mas não é o que está acontecendo.

Num primeiro momento, os pais se sentem reféns do consumo.

Mas não deveria ser assim.

Afinal de contas, são eles que pagam as contas. No fundo, até são eles que sustentam o uso de drogas do filho. Direta ou indiretamente.

Mas o filho consegue iludir os pais de que eles não têm nada a fazer.

Os pais ficam entorpecidos pelo uso de drogas do filho.

Agressividade e vitimização são os ingredientes essenciais para manter os pais no lugar de prisioneiros.

Mesmo que não dê para sentir o poder da família ainda, a pré-condição fundamental é, pelo menos, considerar essa possibilidade.

É o mínimo suficiente para que as outras pré-condições façam sentido para você. Acredite no poder da família.

Pré-condição #2 – Saber que “quanto maior o investimento na família, maior o retorno”

E não estou falando de investimento financeiro aqui. Ele até pode estar envolvido, mas não necessariamente.

A partir do momento em que os pais acreditam no poder da família (mesmo que ainda não sintam isso), o investimento maior a ser feito é neles mesmos. Calma, me explico.

Não adianta pagar profissionais caros para o filho ou faculdades ótimas, se a energia dele estiver voltada para o consumo de drogas.

O maior investimento sempre deve ser feito em quem está com a crise.

Num primeiro momento, os pais estão com a crise. Portanto, o maior potencial de mudança está com eles. Portanto, o maior investimento deve ser feito neles.

Investir tempo e energia para se capacitar, para fazer aflorar o poder invisível que está escondido dentro dos pais. O poder de mudar 80% da situação do filho.

É a mesma lógica que funciona para tudo.

Quanto mais você investe na sua carreira, mais ela cresce.

Quanto mais você investe nos seus estudos, mais você aprende.

Quanto mais você investe no seu casamento, melhor ele fica.

Com relação ao tratamento para dependência química é igual.

A única pegadinha aqui é que o investimento não é no filho que está usando drogas. O filho usando drogas é como a bolsa em tempos de pandemia. Vai perder dinheiro.

No tratamento para dependência química, o investimento com maior retorno que você pode fazer é investir onde está os 80% dos resultados. Na família.

Então, quanto mais tempo e energia você dedicar para se capacitar e se fortalecer para lidar com seu filho usuário, maior o retorno que terá.

Em outras palavras, as mudanças se tornam muito mais rápidas e mais visíveis.

Pré-condição #3 – Considerar que é necessário tempo. Não adianta querer lutar contra ele

A maior ansiedade de pais que estão procurando ajuda pela primeira vez é encontrar o que vai resolver tudo logo. Não querem lidar com isso por muito tempo.

Já é um passo difícil procurar ajuda. Ninguém quer admitir que esse problema está dentro de casa.

Quando os pais admitem (por necessidade), entram em um território dolorido. Entram em uma piscina de água gelada. E, assim que entram, querem sair o quanto antes.

“Me dá uma solução logo, doutor”

“O que eu preciso fazer agora para resolver o problema? Me diz que eu faço!”

“Muito obrigado. Já entendemos tudo. Não precisamos continuar com as sessões aqui…”

Não adianta, para atravessar a piscina, precisa entrar nela e nadar.

Com o tempo e os movimentos, a água deixa de parecer tão fria. O corpo se acostuma.

A dependência química é um problema que se instala ao longo dos anos.

A média de tempo para os pais descobrirem o uso do filho é de 3 anos. E a média de tempo para encontrar um profissional especializado é mais 3 anos.

Então, jogando com a média, são 6 anos de consumo até iniciar um processo sério de tratamento. São pelo menos 6 anos construindo um padrão disfuncional.

Não é de um dia para o outro que as coisas vão se resolver.

Então, é necessário que os pais estejam dispostos a trabalhar aliados ao tempo.

Investir pelo tempo suficiente no tratamento.

Como um antibiótico. Você toma durante o tempo prescrito e não até sumirem os sintomas. Do contrário a infecção retorna.

Pré-condição #4 – O mais persistente sempre ganha

A dependência química é persistente. Mais persistente que vendedor de telemarketing.

Ela não perde de vista seu objetivo de dominar a cena.

E para isso ela sabe ceder, sabe brigar, sabe manipular, sabe mentir… é capaz de tudo para se manter no domínio.

E só ganha da dependência química quem consegue ser mais persistente que ela.

O grande segredo aqui está nos pais saberem que existem obstáculos e saber usá-los para se fortalecer e construir o tratamento.

Não desistir com aparentes derrotas.

Uma belíssima imagem para isso:

“Quando nada parece dar certo, vou ver o cortador de pedras martelando sua rocha talvez 100 vezes, sem que uma única rachadura apareça. Mas na centésima primeira martelada a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela que conseguiu isso, mas todas as que vieram antes.”

Jacob Riis

Aqui precisa acreditar na teoria do cortador de pedras. Que na centésima primeira martelada a pedra vai se rachar em duas. E não têm como saber qual martelada foi responsável por aquilo.

Os pais vão bater 100 vezes no mesmo lugar. Na centésima primeira vez, tudo muda.

E não foi de uma hora para outra. Foi uma construção invisível.

Para quem está de fora pode parecer um milagre.

Para quem está dentro, sabe que foi fruto de muita persistência e trabalho duro.

Resumão para isso nunca mais sair da sua mente

No fundo, todas as pré-condições para os pais poderem resolver o problema de drogas do filho giram em torno de acreditar.

Primeiro acreditar na família.

Então, acreditar no investimento feito na terapia e na capacitação da família.

Depois, acreditar que o tempo vai trazer o retorno esperado.

E, por último, acreditar que, apesar dos obstáculos, com persistência tudo vai dar certo. Vale a pena persistir.

Quando os pais conseguem acreditar, posso afirmar com certeza que a capacitação e o conhecimento vão fazer toda a diferença para eles resolverem o problema de drogas do filho.

E aí é só os pais irem atrás. Irem atrás de grupos de Amor Exigente, de grupos de Al-Anon, de terapeutas familiares capacitados em dependência química, de leituras, de cursos e por aí vai.

Para esses pais, criei o curso online Filhos Sem Drogas. Um fruto da pandemia e do modelo online de trabalho.

Um curso que equivale a umas 10 sessões de orientação familiar. Se você sente que pode acreditar nesses quatro elementos que mostrei, confere o curso lá, pois ele poderá mudar o rumo da sua família.

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Abs

Raphael

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