Imagine esta cena: você está em uma sala de terapia buscando ajuda para o alcoolismo de um familiar. Finalmente, alguém da família faz a pergunta que está na mente de todos: “Se ele não quer parar de beber, o que adianta a gente fazer alguma coisa?”
Essa pergunta é quase onipresente nas famílias alcoólicas (aquelas que têm um membro alcoolista). Além disso, ela representa o principal obstáculo no tratamento do alcoolismo: a dificuldade de envolver a família.
Você sabia que a dinâmica familiar é profundamente afetada pelo alcoolismo?
O problema vai muito além dos prejuízos que sofre o membro que bebe. Esposas, maridos, filhos, pais… Todos acabam, de alguma forma, se adaptando ao caos que o alcoolismo traz. E, justamente por isso, essa adaptação cria um ciclo que perpetua o problema.
No entanto, antes de entender como romper com isso, é importante esclarecer alguns pontos-chave.
Por que o Alcoolismo é Tão Difícil de Tratar?
Diferente de outras doenças, o alcoolismo carrega desafios únicos no tratamento. Primeiramente, por ser uma doença complexa, com componentes orgânicos, psicológicos, sociais, espirituais e familiares. Além disso, estamos inseridos em uma cultura alcoólica, em que ficar sem beber é um desafio até para quem não tem a doença.
Por outro lado, o tratamento é especialmente desafiador quando se trata de adultos que têm autonomia e, muitas vezes, são provedores da casa.
Você pode estar se perguntando: mas por quê?
Ao contrário do que acontece em casos de dependência em adolescentes, onde os pais possuem maior controle sobre a situação, o alcoolismo em adultos exige que o próprio paciente tome a iniciativa. E aqui surge o primeiro dilema: muitas famílias acreditam que, se o alcoolista não quiser ajuda, não há nada que elas possam fazer.
Entretanto, nada poderia estar mais longe da verdade.
O Papel da Família no Ciclo do Alcoolismo
Alcoolismo é uma doença sistêmica. Em outras palavras, não afeta apenas o indivíduo, mas também o sistema familiar como um todo.
Você já ouviu falar de “alcoolismo passivo” ou codependência?
Esse termo descreve as adaptações que familiares fazem para lidar com o comportamento do alcoolista. Por exemplo, esposas que assumem responsabilidades do cônjuge, filhos que passam a cuidar dos pais, ou até mesmo uma dinâmica de silêncio em torno do problema: tudo isso é parte do alcoolismo passivo.
Essas dinâmicas criam sentimentos de ansiedade, culpa e desvalor nos familiares, perpetuando um ciclo de dependência emocional e funcional. Portanto, o tratamento precisa ir além do alcoolista: ele deve envolver toda a família.
A Resistência da Família ao Tratamento
Curiosamente, em muitos casos, é mais difícil engajar a família no tratamento do alcoolismo do que o próprio paciente.
Isso acontece porque há uma crença equivocada de que o problema é exclusivamente do alcoolista, e “se meter” nisso pode parecer uma invasão de privacidade. Além disso, é preciso considerar a cultura alcoólica mencionada anteriormente, que normaliza o consumo de álcool, dificultando a percepção da real dimensão do problema.
Além disso, um ponto que é frequentemente negligenciado é que muitos familiares também têm seu próprio relacionamento com o álcool. Por exemplo, como pedir que a família não tenha bebidas alcoólicas numa festa de final de ano porque o paciente acabou de sair do internamento?
Essa situação exige uma revisão de valores e comportamentos que, muitas vezes, não é fácil de fazer.
Como a Família Pode Ser a Chave da Mudança
O tratamento eficaz do alcoolismo passa pela reconfiguração das dinâmicas familiares. Para isso, é necessário:
- Reconhecer o impacto: Ajudar a família a perceber como o alcoolismo afetou cada membro e a dinâmica geral.
- Restabelecer limites: Ensinar a família a não assumir responsabilidades que cabem ao alcoolista.
- Incentivar o diálogo: Encorajar a família a falar abertamente sobre o problema, sem tabus.
- Participar ativamente: Mostrar que a mudança no comportamento da família pode ser (e normalmente é) o estímulo inicial para o alcoolista buscar ajuda.
Consequentemente, quando a família se envolve, ela deixa de ser uma expectadora impotente e passa a ser um agente ativo da mudança.
Chegou a Hora de Agir
Se você tem um familiar que luta contra o alcoolismo, saiba que há algo que você pode fazer. Por isso, comece por você mesmo e pelo restante da família. Lembre-se: é no coletivo que o ciclo do alcoolismo pode ser rompido.
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