Como aumentar o índice de sucesso de um tratamento usando esta regra, praticamente ignorada pela maioria dos profissionais
O tratamento para dependência química tem um índice de sucesso baixíssimo, certo?
Inclusive, alguns estudos apontam para menos de 10% de taxa de sucesso.
E o mais grave é que ninguém consegue ter muita clareza sobre o motivo disso. No final das contas, a culpa acaba recaindo na complexidade da doença.
Pois bem, quero que você possa ver essa questão de uma forma nova e saiba como mudar esse panorama, pelo menos na sua realidade.
Eu posso dizer que já mudei isso na minha. Não vivo essa angústia com relação a taxa de sucesso dos tratamentos.
E, neste texto, quero compartilhar com você a ideia que me permitiu mudar essa realidade, para que você também possa mudar a sua.
Para isso, quero “começar pelo começo”, literalmente.
Normalmente gosto de ir direto ao ponto, mas nesse caso, vamos como Jack, por partes. Vai valer à pena.
Em primeiro lugar, você já ouviu falar no Princípio de Pareto? Também conhecido como Regra 80/20 ou Lei dos poucos vitais?
Pois bem, nesse texto você vai conhecer essa regra e vai saber como usá-la no tratamento para dependência química.
Depois de ler esse texto, você será capaz de duas coisas:
- Usar essa regra para melhorar várias áreas da sua vida (afinal, você merece um benefício extra por estar se dedicando ao estudo da dependência química)
- Entender a aplicação dela nos tratamentos para dependência química e poder eliminar o ponto fraco que derruba boa parte deles (sim, é isso mesmo que você leu)
Pegue sua xícara de café e me acompanhe nessa jornada que vai te deixar ainda mais inteligente.
Regra 80/20 – os 20% em que vale a pena investir todos os seus esforços
Primeiro, eu quero te explicar o que é o Princípio de Pareto ou Regra 80/20.
Depois, vamos para o tratamento para dependência química.
De acordo com essa regra, para muitos eventos, 80% dos efeitos vem de 20% das causas.
Como assim?
Isso quer dizer que se você descobrir quais são os 20% essenciais de algo e investir neles, você garante 80% dos resultados que busca.
Não está claro? Vamos a alguns exemplos:
- Em treinamentos físicos, 80% do resultado buscado vem de apenas 20% dos exercícios feitos.
- Na área de segurança do trabalho, 80% dos acidentes que ocorrem estão relacionados a apenas 20% dos perigos que existem.
- Em estudos sociais, viu-se que 20% dos criminosos são responsáveis por 80% dos crimes cometidos.
A grande sacada, em todos esses exemplos, é identificar os “poucos vitais” que vão fazer a grande diferença. E, então, cuidar deles.
Vamos a um exemplo.
Se eu identificar que, entre todos os alimentos que me atacam o estômago, o trigo branco e o alho (que seriam o Pareto desse caso) são responsáveis pela maior parte do meu desconforto, vou priorizar a evitação desses alimentos entre todos os outros que me prejudicam.
Dessa forma, serei muito mais eficaz do que se listar todos os alimentos que me fazem mal e começar a eliminá-los usando uni-duni-tê.
Fica um pouco mais claro?
De qualquer forma, isso é só para dar uma primeira ideia importante antes de ir para o assunto quente.
O Princípio de Pareto para usar na sua vida (calma, primeiro para você e depois vou ao tratamento para dependência química)
Quando uma ideia é boa mesmo, ela pode ser ampliada para diversas áreas da vida. São os chamados modelos mentais, dos quais o Princípio de Pareto é um exemplo.
Sendo um modelo mental, podemos usá-lo para pensar diversas áreas da nossa vida.
Veja:
80% da harmonia de uma relação vem de 20% das interações
- a atenção completa que você dá ao outro naquele momento específico
- aqueles minutos que você gastou pensando no outro para comprar um presente
- aqueles minutos no meio do dia que você tira para ligar só para saber como o outro está
A sacada é identificar e investir nesses 20% (atenção, pois da mesma forma, 80% dos problemas de relacionamento também vem de outros 20%, que devem ser evitados).
Outro exemplo:
80% da sensação de organização é resultado de 20% das coisas que foram organizadas
- Os objetos maiores
- Os objetos espalhados no meio do caminho
- As panelas sujas na pia
Focar nesse 20% (não tenho certeza que esses façam parte dos “poucos vitais” da organização, mas é um palpite) te traz um bom resultado muito mais rápido do que começar com os pequenos objetos que estão bagunçados dentro da gaveta.
E, para fechar a lista de exemplos:
- 80% da nossa produtividade resulta de 20% das nossas tarefas. Sim, a maior parte das coisas com que preenchemos nosso dia não impacta significativamente nossos resultados
Inclusive, uma coisa que descobri recentemente é que gastar alguns minutos com priorização de tarefas no início do dia faz parte dos “poucos vitais” que trazem os 80% da nossa produtividade. Hashtag fica-a-dica.
E como isso se aplica ao tratamento para dependência química?
Podemos começar pensando em algumas relações interessantes (aqui é só uma percepção empírica e um exercício intelectual, não um estudo científico).
Na prática do tratamento para dependência química, observo que 80% dos…
- …problemas que existem em uma clínica de recuperação estão relacionados a 20% dos pacientes
- …insights de um paciente em terapia estão diretamente relacionados a 20% das sessões
- …episódios de recaída são causados por 20% dos hábitos e comportamentos do paciente
E daria para fazer várias outras associações.
Agora, é importante deixar uma coisa bem clara.
Essa ideia não têm nada a ver com desvalorizar os outros 80% dos esforços feitos (e se você pensou isso, afaste esse pensamento da sua mente).
O que eu quero que você tenha em mente é que podemos (e devemos) usar isso para priorização.
Ou seja, quando temos um objetivo em mente, devemos nos perguntar:
“Quais são os 20% vitais que vão me trazer 80% dos resultados?”
E então cuidar desses 20% como se fossem a alimentação de um filho – que sem ela é mais difícil brincar, aprender, se relacionar etc.
São os “poucos vitais” que vão facilitar e dar sustentação para todo o resto.
Agora chegamos no âmago da questão
No tratamento para dependência química também podemos perguntar:
Quais são os 20% que engajam o paciente no tratamento e fazem a manutenção da abstinência?
E aqui entra a ideia que eu quero defender para você.
A família representa esses 20%.
Quero dizer que a família está entre os “poucos vitais” responsáveis por 80% dos resultados do tratamento para dependência química (tanto resultados positivos quanto negativos).
E quando identificamos isso, dizemos que “A FAMÍLIA É O PARETO DO TRATAMENTO PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA”.
E cuidar do aspecto familiar do tratamento é o que vai facilitar e dar sustentação para o tratamento psiquiátrico, psicológico e todos os outros recursos terapêuticos envolvidos.
Muito ousado afirmar isso? Vamos entrar mais fundo nessa ideia
Gosto de dividir o tratamento para dependência química em 5 domínios principais:
- Biológico – medicação
- Psicológico – psicoterapia
- Social – mudanças de pessoas, hábitos e lugares
- Espiritual – grupos de mútua ajuda ou religiosos
- Familiar – capacitação e terapia familiar
Importante ressaltar que essa divisão é apenas didática: cada um dos domínios influencia os outros, assim como nem todos os casos vão precisar de todos os recursos.
A saber, existem algumas conclusões importantes que vem dessa divisão, como a necessidade de trabalho multidisciplinar, integrado e especializado, mas vou deixar isso para outro texto.
O que importa para nós, aqui e agora, é o seguinte:
É um desafio hercúleo conseguir estruturar um tratamento de qualidade que atenda a cada uma dessas necessidades.
E por trás disso existe um fato simples (além da escassez de bons profissionais):
Os quatro primeiros elementos do tratamento para dependência química só têm alguma eficácia quando o paciente quer se tratar, quando ele quer parar de usar drogas.
Se ele não quer, até dá para forçar que tome remédios e faça terapia, mas ambos vão ter um alcance bem limitado.
O que você acha que um psicólogo pode fazer com um paciente que não quer parar de usar drogas?
A resposta não é “nada”, mas é “muito pouco”…
Para você não se iludir quanto ao “poder do psicólogo”, vou te contar como acontece o trabalho do psicólogo nesses casos.
Antes de mais nada, ele tem que mostrar empatia pelo paciente, vincular, para depois começar a conversar sobre possíveis queixas que ele tenha com relação a sua vida (talvez a questão do uso de drogas nem apareça num primeiro momento).
Depois disso, ele pode começar a refletir com o paciente sobre a possível relação dessas coisas das quais se queixa com o consumo de drogas.
E, caso o paciente aceite essa associação, pode começar a pensar com ele estratégias para diminuir o consumo e, só depois, pode cogitar a necessidade de que ele pare de usar.
Dependendo da gravidade do quadro de dependência isso pode demorar muito e nem chegar a acontecer.
Percebe que não faz sentido a família fazer um esforço enorme para que o paciente “aceite, por favor” ir ao psicólogo, se ele não quer?
Enquanto ele está indo na terapia a família está angustiada, gastando uma grana, achando que a terapia dele não está dando resultado, porque ele continua usando droga e com o mesmo comportamento.
Ou seja, tem um alcance limitado, não adianta negar.
E no que diz respeito a mudanças sociais e espirituais verdadeiras… são inviáveis se ele não quiser.
Isso nos leva a um panorama bem comum que conhecemos
Pais e familiares sofrendo por causa da dependência química do filho (ou familiar) e querendo que ele se trate enquanto ele não está nem aí.
E também muitos profissionais gritando aos quatro ventos que o trabalho com dependência química é um trabalho frustrante (o que eles querem dizer é que o profissional normalmente vai fracassar e precisa estar ok com isso – que perspectiva hein!?)
Muito bem.
O que eu quero te mostrar é que a família (sim, aquele quinto elemento do tratamento que eu coloquei ali em cima, deixado por último, aqueles 20% vestidos de insignificância) é capaz de movimentar 80% do início e da manutenção de um tratamento.
E, antes de tudo, vamos ao papel da família no início do tratamento. Depois, vamos para a influência que ela tem sobre os demais recursos terapêuticos.
A família é o pavio do tratamento para dependência química. Comece acendendo o pavio (tratando a família) e o tratamento inteiro vai acontecer. É só uma questão de tempo.
Um grande amigo meu dizia uma frase ousada: não existe dependência química sem codependência.
Ou seja, se eliminamos a codependência, tratando a família, a dependência química não vai sobreviver por muito tempo.
Essa ideia está relacionada a outra frase que nunca mais vou me esquecer, usada nos grupos de Narcóticos Anônimos em Buenos Aires:
“Adicto con casa y comida, adicto por toda la vida”.
Frases “durísimas”, como diriam os hermanos argentinos.
Essas duas frases são tipo um pontapé na canela. Muito ousadas e, inclusive, fáceis de serem mal interpretadas. Mas, na essência, traduzem uma mesma verdade:
A facilitação da família é um fator primordial que permite o desenvolvimento da dependência química.
Assim como a família eliminar toda a facilitação também é um fator decisivo para que o tratamento aconteça.
Então, quer dizer que a família é a culpada pela dependência química?
Não. Não é a culpada. E não tente ir por esse caminho de pensamento, pois não termina bem…
Mas, a família pode ser (e na maioria das vezes é) o que mantém a dependência química.
Por maldade? Óbvio que não. Simplesmente porque é sugada para dentro da doença, que coloca as pessoas, principalmente as da família, no papel de facilitadores do problema (os famosos codependentes).
Introdução feita, o que significa acender o pavio-família?
Acredito muito na capacitação da família como a faísca que acende esse pavio – o primeiro passo.
A capacitação é o primeiro elemento que puxa a família para fora do furacão-dependência química em que ela está presa.
Capacitação significa a família aprender sobre a dinâmica da dependência química e sobre o seu papel nela.
Uma vez que isso foi aprendido pela família, ela sai do furacão, o pavio já está queimando e não tem mais volta, pois uma família capacitada:
- Não dá dinheiro ao filho enquanto ele não prova que está limpo
- Elimina as mordomias enquanto ele não está comprometido com o tratamento
- Não resolve os problemas dele por ele – responsabiliza o filho pelas suas escolhas
- Fala menos e age mais
- Não adia a tomada de atitude por pena, culpa ou medo
E outras inúmeras atitudes que já vi pais capacitados tomando (e virando o jogo), fazendo com que o tratamento para a dependência química aconteça.
Em outras palavras, a família deixa para o filho todas as consequências do comportamento dele
Se os pais não dão nenhum dinheiro para ele enquanto estiver usando drogas, não emprestam o carro, não deixam a chave da casa com ele, se ele não pode entrar na casa dos pais fora do horário combinado, se eles não compram a comidinha que ele gosta, não levam e não buscam em lugar nenhum…
Ele vai se deparar com todas as consequências do seu consumo.
Por fim, deixam muito clara a mensagem: não apoiaremos de NENHUMA forma sua decisão de usar drogas. Se quiser usar drogas, o preço é todo seu.
Isso me faz lembrar outro lema dos grupos de mútua ajuda que adoro:
Se você quer usar drogas o problema é seu (por inteiro). Se você quer parar de usar drogas, o problema é nosso.
E o desafio máximo dos pais é conseguirem entender esse lema:
“Se você escolhe usar drogas, retiramos todo o nosso apoio, pois não concordamos em ser coniventes com isso. Até que você queira parar de usar e se comprometer com um tratamento para dependência química, aí terá todo o nosso apoio (para o tratamento).”
Quando esse pavio é aceso, surge a real oportunidade do dependente químico querer se tratar. É quando ele se depara com as consequências do seu consumo.
Dizem que o dependente químico só aceita tratamento quando chega no fundo do poço.
É verdade.
Mas a família capacitada adianta esse fundo (sem maiores danos) e faz o verdadeiro tratamento começar mais cedo.
A família é a chave tanto para o início, como para a manutenção do tratamento
Na prática, como a família pode ter tanta influência no resultado de um tratamento?
Esses dias ouvi um filho dependente químico, em uso, pedir 15 mil reais emprestados para a mãe para entrar de sócio em um negócio, com a promessa de que obviamente ele iria devolver aquele dinheiro porque o negócio era extremamente rentável (e não era tráfico de drogas).
Mas o filho nunca trabalhou na vida, não sabe o que é uma empresa, gestão, planejamento etc. mas o sonho dele era ser sócio em um negócio. Ele entraria com o dinheiro e depois seria só desfrutar dos lucros.
Escrevendo assim parece absurdo (e é!), mas na conversa com ele, é impressionante como o argumento soa convincente.
Se a mãe não está capacitada, não entende sobre a desconexão com a realidade que acontece na dependência química, sobre a manipulação e a auto ilusão… ela vai querer “dar um voto de confiança” para ele, nem que seja para provar que ela tinha razão que não daria certo.
Daí estaria feito o estrago. Ela perderia 15 mil e ele estaria com seu quadro de dependência agravado e sua autoestima ainda mais prejudicada.
Acontece que a boa intenção da família “adoecida junto com o dependente” atrapalha o tratamento do filho
Aconteceu esses dias:
O filho, em sessão, dizendo para o pai que estava em uma semana difícil e que queria ajuda…
Reconhecendo o celular como um fator de risco, pediu ao pai que o ajudasse a limitar seu uso para apenas 20 minutos por dia para coisas essenciais (dividido em 4 momentos de 5 minutos).
Ele sabia que isso iria ajudá-lo a retomar o foco no tratamento.
O pai prontamente, com todo o seu amor, responde: mas só 5 minutos? Por mim, você pode usar até 10 ou 20 minutos, sem problema.
Em vez de dar o suporte que o filho pediu para conter uma recaída, o pai praticamente diz “ignore o risco que o celular te traz e vamos torcer para que mesmo assim você dê conta do recado”.
Ou a família que combinou que naquele período o paciente não deveria ficar sozinho, pois é o momento de maior risco para ele e, “sem querer”, arranjam um compromisso que coincide com aquele horário.
Ou até, mais grosseiramente, o pai que oferece uma cerveja para tomar com o filho em recuperação (afinal, que mal faz uma “cervejinha”? E eles precisam ter um momento de homem pra homem para se aproximarem).
E isso, por mais assustador que pareça, não é nada incomum.
São situações que todos os profissionais vêem acontecer, mas ninguém se dá conta de que investir na família não é uma opção, é uma necessidade.
Em linhas gerais, funciona assim…
A família não capacitada vai
- pagar a terapia, mesmo que ele não esteja querendo ir e falte algumas sessões
- querer controlar a vida dele nos mínimos detalhes para saber se e quando ele está usando drogas (para depois brigar e continuar tudo do mesmo jeito)
- tratá-lo como uma criança de 6 anos de idade (ou menos).
E dessa forma, fazendo tudo para fugir do seu maior medo, vai acabar indo direto ao encontro dele.
Vai manifestar “by the book” os sintomas familiares da dependência química – comportamentos de codependência – que agravam o problema.
A família não tratada acha que ele usar drogas é “problema nosso” e não dele, então assume a responsabilidade por ele.
Se adianta às suas necessidades e não dá espaço para ele sentir as consequências das suas escolhas.
A família é os 20% que influenciam 80% dos resultados de um tratamento – para melhor ou para pior.
Por isso, mais uma vez, dá para afirmar que a família é o Pareto do tratamento para dependência química.
Uma família engajada em seu processo de capacitação e terapia faz o que leigos olhando de fora chamariam de milagres
Chamam de milagres porque não conseguem entender a razão por trás do que estão vendo. São leigos.
Para quem está vivendo o processo isso não é milagre. É conhecimento, trabalho e estratégia.
E não é muito complexo. Na verdade é simples, apesar de não ser nem um pouco fácil.
Vejamos alguns exemplos…
A família capacitada:
- Não entra na manipulação da dependência química, portanto não facilita o uso de drogas de nenhuma forma (aprendeu a valorizar ações e não palavras)
- Não tira o paciente do internamento antes do tempo (e não o recebe em casa quando ele foge)
- Antecipa a retomada do tratamento perante uma recaída (o dependente, por conta própria, normalmente precisa viver consequências mais graves para voltar ao tratamento)
E ainda:
- Evolui junto com o dependente ao longo do tratamento – não o trata da mesma forma antes e depois de um internamento. Consegue ver suas mudanças positivas e se ajustar a elas
- Inclui o dependente nas decisões com relação ao tratamento, desde uma posição de autoridade, mas responsabilizando ele pelo seu próprio tratamento
- Não deposita todos os problemas nas costas da dependência química. Reconhece outras questões familiares que precisam ser tratadas em paralelo ao tratamento da dependência química
E aí que acontece o “milagre”, que na verdade não é milagre, é apenas uma família que se torna sadia, fazendo com que o filho adicto se adapte à nova sanidade familiar.
Porque, até então, o filho adicto fez com que a família se adaptasse à loucura da dependência química.
Nesse momento, o tratamento começa a fluir que é uma beleza…
Quando a família têm essa disponibilidade, pode ter certeza de que ela vai facilitar muito o trabalho do psiquiatra com o paciente, o trabalho do terapeuta individual com o paciente, o processo do próprio paciente de encontrar o apoio que precisa.
Porque nesse ponto, o paciente toma a medicação porque quer os benefícios dela. É para ele, não para a família.
Ele quer ir para a terapia. Sim! Quer ir, pois tem questões particulares que quer tratar em si.
Ele mesmo muda os amigos e ambientes, pois sabe que vão levá-lo à recaída e isso vai lhe custar caro.
Além de que, quando a família está nesse ponto e, por ventura, acontece uma recaída (que faz parte da doença) e precisa de um novo internamento, tudo é diferente.
Os pais estão mais serenos com relação a tomar essa atitude, o filho também reconhece essa necessidade e, ainda mais surpreendente, ele espera o parecer dos profissionais para decidir quando vai ter alta da clínica. Não tenta mais fazer as coisas no seu tempo apenas.
E, quando percebe que tem uma recaída se aproximando, pede ajuda sem vacilar.
Tudo isso, porque a família não entra mais na doença: não nega mais a realidade, não dá mais jeitinho, não se adapta à dependência química do familiar e não adia a tomada de atitude.
E, finalmente, a família chega ao tão esperado ponto em que o tratamento atinge velocidade de cruzeiro
Quando o paciente já percebe em si toda a responsabilidade pelo seu tratamento e não vê mais na família o espaço para a doença.
Nesse momento, o nível de tensão familiar diminui bastante e as coisas já caminham de forma naturalmente saudável.
Não acredita?
Posso te dizer que não é fácil, com certeza. Mas é plenamente possível. Te garanto. Eu vejo isso acontecer. E é o que me mantém animado a continuar trabalhando.
Voltando ao Pareto do tratamento para dependência química
Então, dá para dizer que 20% do tratamento (a terapia familiar) impacta nos 80% dos resultados obtidos.
20% das condutas da família com o paciente, impactam em 80% do apoio percebido por ele.
Uma única decisão da família pode evitar uma recaída ou empurrar o paciente para uma.
Ah, mas quer dizer que sem a família ele não consegue se recuperar?
Claro que consegue.
Na verdade, o mundo funciona sem a consciência da Regra 80/20 de cada coisa.
A diferença é que, quando investimos nessa regra, aumenta muito a nossa eficiência no que quer que seja.
Eu consigo ser produtivo no trabalho ignorando essa regra, por exemplo.
Mas, a partir do momento que eu descubro que gastar meu primeiro momento da manhã para priorizar tarefas é como um turbo para a minha produtividade do dia, eu descobri o Pareto da produtividade.
Os 20% que vão ser responsáveis por 80% dos resultados.
Aí é estupidez eu ignorar isso e não usar meu tempo para priorização.
Então, retomando a pergunta, dá para fazer um tratamento para dependência química sem investir na família?
Sim, mas a partir do momento que você descobre que investir na família aumenta a eficácia de todos os recursos terapêuticos do tratamento, não vai mais fazer sentido investir num tratamento sem o envolvimento da família.
Finalizando, para você não esquecer!
Depois de ter lido esse texto, você nunca mais vai enxergar o fracasso dos tratamentos para dependência química do mesmo jeito.
Você vai conseguir enxergar o grande ponto fraco da maioria deles: o investimento ridículo que fazem (quando fazem) no tratamento da família.
Vai ver, com clareza, o absurdo de acharem que para tratar um peixinho doente é só tirar ele do aquário sujo, cuidar bem dele e devolver para o mesmo aquário sujo.
E depois ainda se frustrar porque ele adoece de novo! É óbvio que as chances são enormes de ele adoecer de novo. Precisa limpar o aquário para onde ele vai voltar. Ou seja, precisa trabalhar a família.
Bom, acho que cheguei no máximo que eu podia para tentar transmitir a ideia de que a família é o Pareto do tratamento para dependência química.
Espero que tenha dado para sentir a importância de trabalhar com a família.
Agora, como trabalhar com a família é outra história. Para isso, montei com a Gisele Aleluia, uma super terapeuta familiar, um curso específico para terapeutas sobre isso.
>>> Conheça aqui o Curso Intervenções Familiares em Dependência Química!
E, se você é pai ou mãe, já deixo aqui também a dica do curso Filhos Sem Drogas que montei para pais que querem começar sua jornada de capacitação:
>>> Conheça aqui o Curso Filhos Sem Drogas!
Um abraço!
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Hey,
o que você achou deste conteúdo? Conte nos comentários.
Sem DEUS sou nada ,
Com DEUS sou tudo e posso tudo.
Ele tem me presenteado com caminhos abundantes do seu AMOR.
vou me dedicar , como tenho feito para que a vida do meu filho seja preservada ,e que ele seja um instrumento nas mãos de JESUS, se for um gota de água no deserto, pra DEUS será uma inundação de cura e libertação, e prova viva ,como DEUS vive em nós. AMEM
Achei muito bom .
Incrível 🤩